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Existe uma tradição nas forças de esquerda,today777 - moderadas ou radicais, de acreditar na educação para “conscientizar” e iniciar politicamente um indivíduo. Reina um consenso de que bastariam processos educativos de qualidade para a “desalienação” dos oprimidos. Dentro de um contexto histórico de larga supressão do direito à educação, altos índices de analfabetismo e precariedade da escola pública, faz sentido que essa posição possua lastro. Mas a educação, nesse processo, tem limites.

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Tão importante quanto ela, para esse “despertar”, está o que poderíamos chamar de “ecossistema cultural” em que o indivíduo está inserido. Trata-se do conjunto de lugares e referências afetivas e subjetivas em que crescemos imersos e realizamos trocas simbólicas. Elas podem explicar a conscientização política de figuras analfabetas, ou de pouca escolarização, como os líderes da Liga Camponesa, os membros da Revolta da Chibata, ou mesmo para formação do operário Luiz Inácio, no ABC paulista. Ou seja, assim como o conteúdo compartilhado nesses lugares, são igualmente importantes a forma, os laços afetivos, as redes simbólicas de apoio e confiança que um indivíduo estabelece.

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A construção desse ecossistema varia em cada local histórico, em cada classe, ou em cada grupo atravessado por outros marcos de identidade. Ele pode ser formado pela família, pelo ambiente cultural da escola, mas também por uma diversa camada de emissores ideológicos que convivem com esse indivíduo, nas ruas ou nas redes digitais. A importância em se refletir sobre eles está em entender a forma de ocupá-los conscientemente, disputar esses locais, combater alguns, e mesmo criar outros. E principalmente: saber enxergá-los ideologicamente e não negligenciar sua importância político-cultural.

Quando falamos desses locais emissores, não falamos apenas de organizações ou centros culturais por assim dizer “educativos”, mas todo e qualquer lugar de encontro, como bares, igrejas, associações, clubes, grupos esportivos, etc. Conscientes de que a hegemonia capitalista opera na invisibilidade de sua dominação, a esquerda precisa entender que todos os encontros possíveis na vida da classe trabalhadora podem e devem ser operados ideologicamente. Mas de que tipo de encontros estamos falando?

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Costumamos entender que encontros ideológicos seriam aqueles formalmente educativos: como reuniões, formações, fruições de obras de arte, leituras, etc. Entretanto, qualquer tipo de encontro é passível de formação ideológica, e, portanto, passível de intervenção: encontro para beber, para comer, para praticar esportes, para rezar, para se deslocar, para se “distrair” ou se divertir. É na soma de todas essas emissões ideológicas, ocasionadas em cada encontro, que vão se formando, nas pessoas comuns, personalidades críticas, contestadoras ou passivas e conservadoras. Todos são basicamente encontros, de longo prazo, que propiciam convívio criador de redes afetivas e emocionais. De relações de confiança e credibilidade entre as pessoas. Base fundamental para formação ideológica.

Quando a esquerda organizada desenha ações no âmbito cultural, ela centra forças na construção de ações, por assim dizer, “tradicionais” (mostras, festivais, etc). Contudo, enquanto energia e dinheiro são depositados num centro cultural de classe média, localizados em bairros ricos, com arquiteturas e símbolos que afastam os mais pobres, grandes camadas da população trabalhadora são formadas ideologicamente por frequentadores de butecos de esquina e por falsos pastores em igrejas com cadeiras de plástico.

É preciso, pois, avaliar em cada momento histórico, quais seriam os locais mais aptos para a formação cultural do povo, para além de preconceitos formais. Em outros tempos, esse lugar foi o sindicato, ou dentro de Pastorais Católicas. No capitalismo financeiro, “precarizante” do trabalho, esse convívio é pulverizado em diversos lugares culturais, espalhados pelo território.

Assim, podemos garantir que, atualmente, os encontros em bares das periferias e em cultos evangélicos de final de semana são fundamentais para a formação político-cultural da classe trabalhadora. Eles valem, hoje, muito mais que centros culturais ou sindicatos, para a construção ideológica. São dois aparelhos ideológicos de base e autossustentados, pois o crente paga o dízimo, e o alcoólico paga a cerveja que banca nos locais de pregação. Ambos constroem, a sua maneira, redes de apoio e vínculos subjetivos.

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